Luxúria, ou lascívia, é o vício contrário à pureza, proibido
pelo 6º e 9º Mandamentos da Lei de Deus.
I. A pureza. 6º e 9º Mandamentos
1º.
Excelência da virtude da pureza.
A castidade, ou pureza, consiste na abstenção dos prazeres
carnais ilícitos. Nenhuma virtude tem mais valor do que a
castidade, porque ela, melhor que as outras, é o domínio do
espírito sobre a carne, da alma sobre o corpo. Por isso, não
é de estranhar que esta virtude, preceito ou lei natural
muito embora, fique sendo como que apanágio e monopólio da
religião católica. É a pura verdade afirmar que não a
conheceu o mundo pagão, e que, hoje em dia, desabrocha e
viceja apenas no ambiente do Catolicismo.
2º.
Objeto do 6º e 9º Mandamentos.
O 6º e 9º Mandamentos da Lei de Deus proíbem os pecados de
luxúria, contrários à virtude da pureza. Única diferença
entre os dois, é que o 9º, repetindo o 6º, vai além, reforça
a proibição, abarcando a mais os maus pensamentos e maus
desejos. Assim, enquanto o 6º Mandamento veda atos, olhares
e palavras ofensivas da modéstia cristã, o 9º atalha o mal
na própria fonte, e condena o simples pensamento impuro, o
simples desejo desonesto: de um lado, pois, os atos
exteriores, e do outro, os atos interiores, como sendo,
estes, causa daqueles, e comparáveis à fagulha que ateia o
incêndio. Na explanação desta matéria, andaremos lembrados,
de contínuo, dos prudentes avisos de Santo Afonso de Ligório
e São Francisco de Sales, concordes nisso, e ambos com São
Paulo, dizendo que não é bom, tocar em termos muito
explícitos nestes assuntos, e que já se ofende a castidade,
só com o nomear a impureza.
II. O
que é proibido pelo sexto Mandamento da Lei de Deus.
O 6º
Mandamento da Lei de Deus proíbe:
1º. As
más ações.
Há certas coisas indecentes que o menino não se atreveria a
praticar à vista de seus pais ou de seus mestres, e que
desonram e envergonham os autores, quando essas coisas vêm a
ser conhecidas. Ora, aquilo, ainda que fique ignorado dos
homens, não está escondido aos olhos de Deus. Logo, é pecado
mortal por natureza. Sempre. Esteja, o culpado, só, ou na
companhia de outras pessoas. Entretanto, a malícia varia
segundo a qualidade destas pessoas e segundo as coisas más
que se fazem.
2º.
Maus olhares.
Consistem em demorar a vista, por gosto e sem necessidade,
nos objetos ou nas pessoas que podem excitar as paixões: por
exemplo, estátuas, imagens ou pessoas que não têm a devida
decência.
3º.
Escritos e palavras desonestas.
Quer dizer, qualquer escrito (maus livros e maus jornais),
qualquer palavra (cantigas ou conversas despudoradas) que
ofendem o recato, ou abertamente, às escâncaras, ou
disfarçadamente, por meio de equívocos, ambigüidades,
reticências. Nada mais prejudicial do que as más leituras.
Quanto às más conversas, afirma São Paulo (I Cor XV, 33)
"que corrompem os bons costumes".
III. O que proíbe o 9º Mandamento
O 9º Mandamento proíbe:
1º. Os
maus pensamentos.
O pecado de pensamento, que os teólogos, chamam de "deleitação
morosa", consiste em se demorar, voluntariamente, na
imaginação de uma coisa ruim, sem querer mesmo chegar à
prática da mesma. Tal deleitação, ou gozo, é chamada morosa,
do vocábulo latim "mora" atraso, diz Santo Tomás, porque a
razão, em lugar de repelir sem tardança, como fôra de
mister, as cogitações impuras que se apresentam, se demora
nelas (immoratur), as acolhe com agrado, e nelas se compraz
livremente (por aí se vê que vai grande diferença entre "deleitação
morosa" e "sugestão má". Esta independe da vontade. É uma
tentação, nem mais nem menos). Quem se entregou à deleitação
morosa tem que declarar na confissão, a natureza específica
deste pensamento; por exemplo, se tem voto de castidade, ou
se as cogitações diziam respeito a uma parenta, ou a uma
pessoa casada. É pecado mortal, quando a coisa é mesmo ruim,
e o consentimento pleno. Do contrário, é venial. E não há
pecado nenhum, quando se combate e se afugenta a
representação do mal, e se reprova.
2º. Os
maus desejos.
O desejo é mais do que o pensamento, porque, com a
imaginação do ato mau, está a intenção e vontade de
praticá-lo. Perante Deus, é a mesmíssima coisa: querer ver,
ouvir ou fazer, coisas impudicas, e ver, ouvir, ou fazer.
Agora os desejos desonestos são como os pensamentos:
culpados, exatamente na proporção em que são voluntários.
IV. Gravidade dos atos contra a pureza.
É facílimo avaliar a gravidade dos atos contra a pureza, pela meditação das conseqüências desastradas que acarretam na alma e no corpo:
a) Na
alma. Nublam, entenebrecem, e materializam, a inteligência.
Cegam-na para as coisas de Deus (I Cor II, 14). Desmoralizam
e embrutecem o coração que, então, se separa e afasta de
Deus, abandona a religião, cai na impiedade.
b) No
corpo. A impureza estraga a saúde, exaure as forças, traz as
doenças mais repugnantes e vergonhosas, as enfermidade mais
asquerosas, e não raro, fim prematuro. Portanto, são
mortais, geralmente, os pecados de impureza, a não ser que a
irreflexão diminua esta gravidade.
V. Causas que levam à impureza.
As
causas determinantes de pecados contra a castidade podem se
classificar em: exteriores e interiores.
1º.
Causas exteriores.
São as que deparamos fora do nosso espírito viciado e do
nosso coração corrupto pelo pecado original:
a) As
más leituras.
Esta rubrica geral abrange os livros ímpios, licenciosos,
jornal ruim, revista ruim, e em especial, folhetins e
romances que pintam ou encarecem o vício: denominam-se
realistas ou naturalistas, e o que querem, é estadear o
crime em todos seus pormenores, toda a hediondez, sem
rebuços; ou denominam-se psicológicos, pretendendo
escalpelar as almas com seus sentimentos mais abjetos, em
todos seus refolhos. Uns e outros provocam desgraças. Não há
iludir ou anestesiar a consciência. Ninguém se imuniza
contra este tóxico violento, traiçoeiro e fatal. Dirão que
procuram unicamente as belezas literárias, o encanto das
descrições, a magia do estilo. É verdade. Isca fementida.
Engodo. Procura-se tudo isso, e encontra-se mais alguma
coisa: o veneno, que a alma engole por doses pequenas ou
grandes, e que mata. Não se hão de perlustrar pântanos
lodosos e pestilenciais sem apanhar pingos de lama. É
absurdo. E será mesmo tão minguada a nossa literatura, que
só nesses charcos se poderão descobrir modelos de estilo, de
bela dição, de alta cultura clássica?
b)
Espetáculos.
Teatros e cinemas não são maus por índole, por natureza, é
claro. Haveriam mesmo de aformosear a alma, educar a
vontade, e nobilitar o coração. Infelizmente, sucede quase
sempre o contrário. E passam a ser verdadeiras escolas do
crime e da imoralidade. Glorificação do vício, apoteose e
triunfo da impureza, e menosprezo ou escárnio da virtude,
isto é que é. Alexandre Dumas o disse alto e bom som: a mãe
prudente não assiste aos espetáculos, e muito menos levaria
aí sua filha.
c)
Dança e baile.
Sendo exercício corporal, a dança é ginástica nada
reprovável. A Bíblia refere, em muitas passagens, sem nota
alguma pejorativa, as danças praticadas pelas moças e
senhoras de Israel, para divertimento (Juízes XXI, 21, 23;
Jerem. XXXI, 4,13) antes religioso, manifestação de piedade,
do que mundano. A filha de Jefté vai ao encontro do pai, e
vai dançando com uma porção de companheiras (Juízes XI, 34).
Quando Davi, vencedor de Golias, regressa triunfante, as
mulheres de Israel o ovacionam e celebram, com danças, a
glória dele (Reis XVIII, 6, 7; XXI, 11). Davi ia dançando
diante da Arca da Aliança, que ele mandava recolher, com
inaudita pompa (II Reis VI, 5). Nota-se, entretanto, que, as
mais das vezes, dançavam, as jovens, sozinhas, separadas dos
moços (Ex XV, 20; I Samuel XVIII, 6).
A
dança moderna, conhecida por nomes variadíssimos, é outra
coisa. Altamente condenável, por causa da liberdade infrene
que nela reina, dos encontros que ali se realizam.
Excetuando determinadas reuniões de família, a regra geral é
que não se deve dançar. Muito menos ainda, se hão de
freqüentar bailes públicos, ou bailes mascarados, que são os
mais perigosos. Em que conta teremos os tais bailes de
caridade? São organizados para angariar donativos, para
aliviar os desamparados, ou as vítimas de alguma calamidade:
inundação, seca, incêndio, etc.; motivo de beneficiência.
Ora, para saber o que vale este sistema, examinemos o caso.
Será, um baile, mais puro e menos arriscado, porque o fim é
a esmola? Que tem uma coisa com outra? Onde é que se viu
alterada a essência de uma coisa porque se lhe mudou o
destino?
d)
Reuniões mundanas e más companhias.
"Dize-me com quem andas, que te direi quem és". A
freqüentação, os passeios, as amizades, ou familiaridade com
pessoas levianas, frívolas, em busca de passatempos
quaisquer, e que gastam o dia no ócio e na moleza, são
também causas de muitos pecados de impureza.
e)
Modas desonestas.
Nos trajes femininos, a moda apresenta, por vezes,
excentricidades que constituem verdadeiro desafio e insulto
ao bom gosto e ao pudor. Tais modas são reprovadas pela
religião, pela moral, e até pelo senso comum.
2º.
Causas interiores.
As causas provenientes de nós mesmos são:
a)
Orgulho.
Deus não ama os que "se ensoberbecem nos seus juízos",
desampara-os, e deixa-os "entregues a paixões de ignomínia"
(Rm I, 21,26).
b)
Intemperança.
"Não vos embebedeis com vinho, diz São Paulo, isto é, fonte
de devassidão: mas inebriai-vos do Espírito Santo" (Ef V,
18). Quem anda atrás dos deleites dos festins, dá a mão às
tentações da carne e da concupiscência.
c)
Ócio.
A preguiça é mãe de todos os vícios, e São Jerônimo afirma,
desassombrado que, se está um demônio solicitando ao mal o
homem que trabalha, estão mais de cem demônios tentando o
que está desocupado.
VI.
Remédios contra a impureza.
1º. Meios naturais.
a)
é preciso lembrar, primeiro, a fuga das ocasiões que podem
levar ao pecado, quer dizer, a supressão, de vez, de todas
as causas acima mencionadas.
A
ocasião se diz remota ou próxima.
a)
Ocasião remota é a que conduz, de modo muito indireto, até a
ofensa a Deus. Tais ocasiões enxameiam pelo mundo, não há
como evitá-las sempre, porque se alastram por todas parte. A
melhor boa vontade não o conseguiria. Fugir delas não
constitui obrigação.
b)
Ocasião próxima é a que provoca a tal ponto que é quase
certo cometermos o pecado, se ela não for removida. (1) A
ocasião próxima será necessária de necessidade física ou
moral: necessidade física, quando é de todo impossível
suprimi-la; necessidade moral, quando a dificuldade é
grande. Em ambos estes casos, é preciso lançar mão de todos
os preservativos e orações, recepção dos Sacramentos da
Penitência e Eucaristia. Renovar, amiúde, o propósito de
nunca mais pecar. (2) Ou a ocasião próxima pode ser
afastada, e então, há obrigação imperiosa de removê-la. É
condição "sine qua non" para obter a absolvição. A Igreja
impõe esta regra, porque conhece o que diz a Sagrada
Escritura: "Quem ama o perigo, há de cair no abismo" (Ecl.
III, 24).
b)
a vigilância é guarda dos sentidos, da imaginação e das
afeições;
c) a humildade;
d) a mortificação;
e) o trabalho, são outros tantos meios naturais e auxiliares poderosos na luta pela pureza.
c) a humildade;
d) a mortificação;
e) o trabalho, são outros tantos meios naturais e auxiliares poderosos na luta pela pureza.
2º.
Meios sobrenaturais.
Com os meios naturais, é indispensável ainda, o emprego dos
meios sobrenaturais. Os principais são:
a)
Oração. Deus nada recusa a quem pede.
b) Confissão. Desvendar a chaga é curá-la.
c) Comunhão freqüente. A Eucaristia é o alimento da força.
d) Devoção a Maria Santíssima. Vendo perigo, a criancinha recolhe-se junto da mãe. Maria Santíssima é mãe de todos nós, e ela tanto estima a virtude de pureza, que protegerá seus devotos que lhe suplicam auxílios, que se recolhem pela prece, à sombra benéfica de sua égide maternal.
b) Confissão. Desvendar a chaga é curá-la.
c) Comunhão freqüente. A Eucaristia é o alimento da força.
d) Devoção a Maria Santíssima. Vendo perigo, a criancinha recolhe-se junto da mãe. Maria Santíssima é mãe de todos nós, e ela tanto estima a virtude de pureza, que protegerá seus devotos que lhe suplicam auxílios, que se recolhem pela prece, à sombra benéfica de sua égide maternal.
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