1º.
Natureza.
Gula é o amor desordenado ao alimento. Quando se aplica de
modo especial à bebida chama-se embriaguez, alcoolismo.
A.
Considerada em
geral, a gula manifesta-se de duas maneiras:
a)
pelo excesso na quantidade. O guloso multiplica as
refeições; come a torto e a direito; ou então come demais,
ou muito depressa, avidamente;
b) por
excessiva exigência na qualidade. Peca por gula o que
procura iguarias finas, e requinta nos prazeres do paladar;
e até, quem repisa, a toda hora, na conversa, esses tópicos.
B.
Embriaguez
é a forma mais torpe e repugnante da gula. Com efeito, quem
cai neste vício até ficar bêbado, perde o uso da razão e
resvala abaixo dos brutos.
C.
Alcoolismo
é a paixão dos excitantes, das bebidas fortes. O alcóolico
não chega a embebedar-se; mas, em doses exageradas e
múltiplas, ingurgita o temível veneno. Tornou-se hábito,
necessidade fatal.
2º.
Efeitos.
A gula em geral provoca:
a) o
abandono das obrigações religiosas;
b) a
transgressão das leis do jejum e da abstinência;
O
alcoolismo tem conseqüências ainda mais desastradas. Com
efeito, o alcoolismo não é senão embriaguez no estado
crônico:
a) no
indivíduo viciado por este funestíssimo hábito, aparecem as
doenças mais impiedosas (...) As faculdades intelectuais
embotam-se gradualmente, e breve, a vítima acha-se como que
bestificada. No ponto de vista moral destrói o pudor e os
brios, deixando apenas a medrar os instintos da animalidade.
b) na
família é fautor de anarquia. O alcóolico foge do lar; deixa
no desamparo mulher e filhos. E se, porventura ainda
trabalha, gasta com o vício tudo o que vai ganhando.
c)
para a sociedade também o alcoolismo é um flagelo, um
cancro. Nos países onde grassa, queima as veias de um povo
inteiro, dessora e desfibra a raça mais profundamente do que
a chacina das batalhas.
3º.
Malícia.
O amor
exagerado do comer e do beber não é, em si, pecado grave.
Adquire, porém, este caráter, quando levado ao ponto de
menosprezar e transgredir o preceito da penitência.
Com a
embriaguez, o caso é outro. Quando acidental e involuntária,
desculpa-se; mas se for propositada, é pecado mortal. Quanto
às faltas cometidas pelo bêbado, ele é responsável no grau
em que as previu: a culpabilidade não está no ato, está na
causa.
Tanto
mais culpado é o alcoolismo quanto mais lamentáveis são os
estragos que produz.
4º.
Remédios.
Para sanar este defeito da gula são eficazes as seguinte
receitas:
a)
evitar tudo o que lisonjeia demais o paladar, como as
iguarias saborosas e muito finas;
b)
pensar que isto de comer e beber não é o fim da atividade
humana. Existe o alimento para a vida, não a vida para o
alimento.
c) os
pais devem incutir no ânimo dos filhos o amor da temperança
e sobretudo dar-lhes bons exemplos a respeito.
d) as
donas de casa zelem por ter um lar confortável e atraente,
que agrade às visitas, ao esposo e aos filhos, desviando-os
da freqüentação de tabernas e botequins.
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